quarta-feira, 7 de novembro de 2012

SORTE







Cena 1: O professor de música croata, Frane Selak (nascido em 1929) teve sua primeira experiência quase-morte em janeiro de 1962, quando Selak pegou um trem e o mesmo descarrilou, matando 17 passageiros, ele conseguiu escapar apenas com um braço quebrado. Um ano mais tarde, sofreu um acidente de avião, acordando alguns dias mais tarde no hospital com pequenas lesões. Em 1966,o ônibus em que Selak estava, caiu em um rio e matou 4 pessoas. Selak saiu ileso, passando ainda por mais 3 acidentes de carro.

Cena 2: Um motorista de ônibus foi assaltado e após ter entregado seus pertences, devido a um movimento brusco, os assaltantes se assustaram e passaram fogo nele. Um dos tiros acertou o trabalhador que não morreu porque o projétil desviou em uma caneta que estava no bolso da camisa.

Cena 3: JOEL CARVALHO, 32 anos, entregava botijões de gás no Bairro Clerolândia, em Itapetinga, na noite de sexta (27).
Ao passar por uma rua do bairro, o rapaz ouviu uma dupla de menores gritando para o mesmo que era um assalto. Assustado, Joel tentou fugir com a motocicleta, instante em que um dos menores começou a efetuar disparos de uma arma de fogo contra o vendedor. Joel sentiu um forte impacto atingir seu peito, logo viu que estava baleado, porém persistiu em fugir do local. Ao ver onde a bala teria atingido, Joel ficou perplexo, a bala atingiu seu peito, porém, ele foi salvo pela caneta q trazia no bolso da camisa. O tiro atingiu a caneta.

Cena 4: Evangélica é salva após tiro ser desviado pela Bíblia - Casal que estava na moto ouviu alguns tiros o marido acelerou para escapar dos projeteis, mas já tinha sido atingido por um, após pararem perceberam que a bala foi desviada por uma bíblia que carregada no baú da moto livrando sua esposa Danúbiah da morte.


 
Sorte?
Sempre fico incomodada quando as pessoas se referem a acontecimentos como estes, acima, dizendo que ele/ela teve sorte.
A sorte é uma coisa de acaso, como uma “roleta russa”, pode acontecer qualquer coisa, pode haver qualquer resultado.
No entanto, para mim, espírita, que escolhi esta religião por afinidade, é impossível achar que o acaso, a sorte ou o azar, presidem tudo. Tampouco sou fatalista, determinista, que acredita que tudo está escrito, que há um destino fatal para todos.
Acredito, sim, que viemos para cá, que reencarnamos, com um roteiro pré estabelecido, mas ainda assim não nas mínimas coisas. E este roteiro é mutável, adaptável, temos livre-arbítrio para optar por outras coisas, outros caminhos. Apenas a data e tipo de morte deve seguir o que foi programado. O resto fica por nossa conta.


Sendo assim, se aquela pessoa não tiver que morrer naquele dia e daquela maneira, algo ocorrerá que impedirá isso.
Seu espírito protetor, se tiver autorização do Alto, poderá, sim, desviar um projétil para uma caneta, um cinto, uma bíblia.
Na verdade, a bala tem uma rota a seguir e o que o espírito muitas vezes faz é empurrar a mão do agressor, desviando sua intenção. Pode também provocar algum barulho, uma imagem fortuita, qualquer coisa que o distraia para que, naquele momento, erre o alvo.
Quando, ainda assim, isso não for possível, ele usa outra estratagema para barrar o impacto de uma bala, por exemplo, de modo que uma simples caneta a contenha.
O exemplo aqui adotado é o de um tiro, até por ser mais surpreendente, mas pode ser qualquer outro que poupe a vida de alguém.


Então, quando ouço nos meios de comunicação que ele/ela teve sorte, fico indignada.
Naturalmente, os veículos de mídia são laicos, neutros, não se pautam por uma crença e a forma de explicar estes acontecimentos seria realmente a mais imparcial possível. É compreensível, mas, ainda assim, me sinto muito desconfortável.
Quando são as pessoas à minha volta, porém, a 'revolta' é maior, por que é como se excluíssem DEUS. Embora Ele não precise ser defendido, me sinto na obrigação de lembrar às pessoas que Ele existe e preside tudo por aqui. Me sinto sempre grata a ele, principalmente em pequenas coisas, mas observo que uma grande parte das pessoas se acostumou a designar por 'sorte' momentos de vida de grande importância. O risco de morte é um deles.




Da próxima vez que ver/ouvir algo assim, analise se realmente foi 'sorte', acaso, ou se existe uma Força Maior nos guiando.
Sorte tem quem acredita nela...












































quarta-feira, 13 de junho de 2012

PSICOMETRIA


 

Já ouviu falar em PSICOMETRIA? Não?Abaixo, está um texto que retirei de um site espírita (link no fim), que explica bem o que é essa faculdade mediunica:

“Na mediunidade estudada à luz da Doutrina Espírita, a psicometria é uma variedade da psicoscopia, isto é, uma faculdade que tem o médium de estabelecer contato com toda a vida psíquica de alguém, coisa ou ambiente, podendo perscrutar o passado, presente e o futuro. O médium localiza no tempo e no espaço o objeto de suas perquirições, seguindo-o por uma espécie de “rastreamento” psíquico. (Grupo de Fenômenos Psicométricos segundo Ernesto Bozzano – Enigmas da Psicometria, 1949).
Esta forma especial de vidência se caracteriza pela circunstância de desenvolver-se no campo mediúnico uma série de visões de coisas passadas desde que seja posto em presença do vidente um objeto qualquer ligado àquelas cenas.
O objeto conserva as formas-pensamento de quem o possuiu. O objeto é animado pelas reminiscências que reavivam no tempo, através dos laços espirituais que ainda sustentam em torno do círculo afetivo que deixaram. O objeto fica envolvido pelas correntes mentais daqueles – encarnados ou desencarnados – que ainda se apegam a ele. Se estivéssemos interessados em conhecer esses companheiros e encontrá-los, um objeto nessas condições seria um mediador para a realização de nossos desejos. Isto é, podemos usar, para isso, alguma coisa em que a memória deles se concentram. Tudo o que se nos irradia do pensamento serve para facilitar essa ligação.
O pensamento espalha nossas próprias emanações em toda parte a que se projeta. Deixamos vestígios espirituais, onde arremessamos os raios de nossa mente.
Quando libertados do corpo denso, aguçam-se-nos os sentidos e, em razão disso, podemos atender, sem dificuldade, a esses fenômenos, dentro da esfera em que se nos limitam as possibilidades evolutivas. Isto é, não dispomos de recursos para alcançar o pensamento daqueles que se fizeram superiores a nós, o pensamento deles vibra em outra freqüência.
Os objetos, mormente os de uso pessoal, têm a sua história viva e, por vezes, podem constituir o ponto de atenção das entidades perturbadas, de seus antigos possuidores no mundo; razão por que parecem tocados, por vezes, de singulares influências ocultas, porém, nosso esforço deve ser o da libertação espiritual, sendo indispensável lutarmos contra os fetiches, para considerar tão-somente os valores morais do homem na sua jornada para o Perfeito.
O processo pelo qual é possível, ao psicômetra, entrar em relação com os fatos remotos ou próximos, pode ser explicado de duas maneiras principais, a saber:
Uma parte dos fatos e impressões é retirada da própria aura do objeto;
Outra parte é recolhida da subconsciência do seu possuidor mediante relação telepática que o objeto psicometrado estabelece com o médium”.
(http://www.luzespirita.net/index.php/psicometria/)


Pois muito bem!

Numa aula de educação da mediunidade, ministrada pela minha amiga Ana Lídia (há mais de dez anos atrás), falávamos sobre psicometria e eu, curiosa e impaciente como sou, quis fazer um teste em casa, antes dos exercícios em aula. Já tinha lido algo em livros, mas nunca tinha tentado nada nessa área.

Não sabia bem o que fazer, mas, por intuição, segurei um objeto na mão esquerda e fiquei em estado de expectativa, de espera, aguardando alguma imagem. Não aconteceu nada. Resolvi tentar colocar a mão direita sobre o objeto, enquanto continuava segurando com a esquerda. E aí, sim, as imagens se formaram (soube depois que não são todos os médiuns que possuem essa faculdade e gostaria de saber como usá-la para um fim útil).

O objeto que escolhi foi uma série de moedas estrangeiras, antigas, que meu irmão André possui, presente de um amigo nosso.




As primeiras cenas que vi me pareceram bastante reais, mas fiquei em dúvida se não estaria imaginando tudo aquilo.

Decidi então me testar de outra forma: pegaria uma moeda sem ver sua nacionalidade, nem ano, o que daria mais fidedignidade para minhas visões.

A primeira cena que vi era muito clara e a tenho na memória até hoje.

Era como se eu estivesse no andar superior de um edifício e olhasse pra rua lá embaixo. Percebi que os edifícios daquela rua eram todos antigos e de tijolinho à vista.

Quase em frente à janela de onde eu observava, havia uma verdureira, com um toldo listrado. Uma mulher idosa, de casaco de lã bege e lenço escuro na cabeça, saía de lá com sacolas de ráfia, daquelas de feira mesmo.

Em seguida, 'eu' peguei 'minha' carteira de cima de uma mesinha de canto, com um abajur em cima, ao lado da janela. Era daquelas carteiras que se usava embaixo do braço. Fui em direção da porta de saída. Pude 'me' ver por trás e percebi que usava meias finas, pretas, costuradas na parte de trás, o que me pareceu estranho.

“Eu” era loira, cabelos curtos, cerca de 25/30 anos, usando uma blusa de lã, de mangas curtas, branca, com uma saia em tom rosa envelhecido, bem ampla, rodada.

Depois, na cena seguinte, na continuação, 'eu' dirigia um carro tipo cadillac, aberto, com bancos de couro branco, numa estrada ao lado de um rio e pude ver a ponte de Londres.

 

 As ruas eram bem desertas e tinha pouquíssimos carros e pessoas. 'Sei' que era um domingo pela manhã.

Tomei a direção esquerda e dirigi por um longo trecho, me afastando um pouco da cidade, parecendo uma periferia.

Me vi, na cena seguinte, entrando em uma loja de tecidos. Escolhi alguns e subi no segundo andar, por uma escadinha insegura de madeira, para uma espécie de mezanino, cheio de papéis e móveis antigos, máquinas de calcular e datilografia antigos também.

Um homem estava no meio daquela bagunça toda e usava camisa branca de mangas arregaçadas e calça de tergal (?) escura. Um óculos de aro preto, grosso, e um lápis atrás da orelha esquerda, completavam o visual.

Ele era uma espécie de caixa, de contador, algo assim, e me deu algumas moedas. Não sei se a que eu dei a ele, ou que ele me deu de troco, tinha a ver com essa que eu segurava naquele momento, só sei que ela estava nessa transação.

Ele agradeceu e eu saí em direção à porta de saída. Lá, alguém, não me lembro quem, segurava um embrulho fino, em papel pardo, amarrado com barbante. Eram minhas compras. Fim.

Tudo me levava a crer que aquelas cenas se passavam no período entre os anos 50 ou 60 e em Londres (por causa do Rio e da Ponte).

Abri os olhos em expectativa e... a moeda era de 1955 e dizia "England". É mole?!

Num outro exercício com aquelas moedas, me vi como um menino de uns 14 anos, cabelos negros e um pouco compridos, cacheados nas pontas, com um boné de lã escuro, usando roupas velhas, um casaco muito surrado e deslizando por uma colina nevada, num trenó, com outra criança.

A primeira coisa que senti, na verdade, antes disso, foi o som de uma faca cortando o gelo, scuinchi, scuinchi...sabe?E vi a parte de trás do trenó, a parte direita, e a neve sendo cortada pelo metal embaixo dele. Só depois me vi, como descrevi. Tinha muitos pinheiros e um céu muito azul. Não sei por que, me pareceu ser na França. A época, não sei.

Abri mais uma vez os olhos e realmente a moeda era francesa. Não sei se cheguei a pensar em uma época e se acertei ou não, não me lembro dessa parte. Essa moeda estava no bolso desse menino.

Mais um exercício de que me lembro: era uma propriedade rural, na França. Tinha uma estradinha margeada por cercas brancas, muita lama. Havia uma série de animais, como porcos e galinhas, patos, gansos, espalhados pela estradinha e atrás das cercas. Tudo muito sujo. Um menino caminhava junto de outro até a casa do primeiro. Era uma casa de um material que não sei precisar, mas talvez barro, só que pintada de branco e telhado de sapé ou coisa similar, que ficava numa curva daquela estradinha (na verdade, a estradinha pertencia aquela casa e partia dela). Esses meninos se vestiam como aquele da outra visão, só que era menores, cerca de 6 e 8 anos e estavam bem sujinhos, parecendo muito pobres.

Na casa havia uma mulher, mãe de um dos meninos, que estava bem atarefada e tirou um pão rústico de um forno a lenha, na parede, como se fosse aqueles fornos de pizzaria. Os meninos comeram com gosto o pão.

Um homem, talvez o pai daquele menino, lhe deu essa moeda. Sei que tinha mais detalhes, mas não lembro, passado tanto tempo. Ao abrir os olhos, sem surpresa agora, constatei que a moeda também era francesa.

Fiz outros exercícios, mas não lembro dos resultados, apenas desses.

Tem outra coisa que gosto de fazer que não sei como classificar e se é mediúnico ou faz parte da psicometria.

É olhar fotos e tentar adivinhar a personalidade das pessoas pelas suas expressões, pela fisionomia. Nesse caso, preciso apenas olhar pra foto e não uso o método de colocar a mão em cima.

Uma vez fiz isso com um ex-presidente (do qual nada sabia) do início do século passado e arrisquei detalhar. Surpresa, ao virar a página da revista em que estava essa foto, vi uma matéria, descrevendo o tal homem exatamente como eu havia feito. Contando isso para uma amiga, ela me pediu que fizesse isso com fotos de seus netos. Assustada com a responsabilidade e com o inusitado do pedido, tentei e, segundo ela, acertei em muita coisa, fui bem precisa.

O problema nesse tipo de exercício, é que fico muito cansada depois e, em alguns casos, com dor no terceiro olho, aquele que fica entre as sobrancelhas.


Muitas vezes também sinto as mãos geladas, um certo nervosismo ao contatar aquela energia, ao pensar naquela pessoa. Não tem nada a ver com ansiedade, mas acho que é mediúnico mesmo, que acesso a energia daquela pessoa.

No caso dessa minha amiga, além de minha intuição, vi um de seus netos, que hoje tem 13 anos, com mais ou menos uns 40, mais gordo, usando camisa azul claro, calça bege, com uma pasta, descendo de um carro em frente a sua loja de artigos de informática. Será?!

E, mais uma vez, divido com vocês minhas experiências mediúnicas. Até o próximo post!


terça-feira, 5 de junho de 2012

DESAPEGAR-SE



Nunca me achei uma pessoa materialista. Não sou nada ambiciosa e não ligo pra status.

Até aí, tudo bem.

Fico sempre impressionada em como as pessoas dão valor pros bens materiais, principalmente para carro. Não sei marca de quase carro nenhum e reconheço melhor os mais antigos. O meu próprio carro, se mudar de cor, já não reconheço como sendo do mesmo modelo que o meu. Mas percebo que a grande maioria das pessoas não é assim. Quando alguém compra um carro (um colega de trabalho, um amigo, um familiar), percebo que as pessoas em volta tentam disfarçar, mas a maioria sente inveja e muitos, se já tem, trocam por outro logo em seguida.

Vejo carro dentro de sua função útil, um bem que nos proporciona praticidade, rapidez (?) e conforto. Mas para a maioria das pessoas é símbolo de poder, de status.

Ainda não consigo entender como conseguem dar tanto valor pra isso...Assim, como dão para roupas, casa, sapatos...

A aparência é outro valor muito apreciado. Todos devem estar dentro do padrão que a sociedade indicar. Por quê?

Dentro desse meu desprendimento (que não é demagógico), me sinto sempre um E.T. diante de meus pares. Adoro ser do jeito que sou com relação a isso, mas é difícil fazer as pessoas crerem ou aderirem a esse modo de ver as coisas. Todo mundo acha que tudo gira em torno do dinheiro. Entendo a dimensão e o poder do dinheiro, mas não consigo endeusá-lo como as pessoas com quem convivo. Dinheiro nos traz muitos benefícios, muitos prazeres, facilita a vida, mas não consigo entender como as pessoas são capazes de qualquer coisa por dinheiro.

Mesmo me auto descrevendo desta maneira, fiquei surpresa comigo mesma quando vi a foto abaixo num site espírita.


Trata-se do Tadeu, que conheci pessoalmente quando visitei a Casa do Caminho, em Araxá, que ele fundou e dirige.

Na foto ele aparece em sua pequenina casa, que fica no centro do terreno da instituição e onde tudo começou. Quando lá estive levei minha filmadora e registrei tudo. Mas, interessantemente, quando saí do hotel, estava com a bateria da câmera completamente carregada, como sempre faço, e lá comecei a filmar. Mal tinha feito as primeiras cenas e, quando fui filmar a casa do Tadeu, a imagem foi sumindo, sumindo e desapareceu do visor. A câmera não filmava nada. Liguei e desliguei várias vezes e nada. Mais tarde, resolvi insistir e filmar outra coisa e ela funcionou perfeitamente. Foi apenas na casa dele que isso aconteceu durante toda a viagem e história daquela câmera. Isso me impressionou e nunca esqueci, apesar de passados vários anos.

Sei que as energias podem interferir num aparelho eletrônico e talvez isso tenha acontecido com relação aquela casa. Por que, eu não sei.

Mas o que eu dizia era com relação a foto.

Nesta foto que mencionei, o Tadeu aparece sentado no que imagino ser sua cama, tendo ao lado um criado mudo. A casa é de estuque e o chão de barro (assim como o salão das palestras, que é de barro bem vermelho e numa das paredes está escrito: “tu és pó e ao pó retornarás”).

Tudo é muito simples e talvez tenha sido isso que me chamou a atenção: a ausência de objetos.

Me questionei, então, sobre meu suposto desprendimento.

Tentei entender por que me incomodou aquela cena. Entendo o desprendimento dele, mas não meu incômodo. Deu pra entender?

Realmente... porque precisamos de tantas tralhas?

Fiquei longo tempo meditando sobre o impacto daquela cena em mim. Ele tem o que precisa, na medida. Não trouxe nada e nada levará, então por que precisar de 'objetos'? Tentei avaliar meus objetos e entender por que preciso deles.

É fácil compreender o modo de vida dele, mas difícil de seguir...

Gostaria de ir me livrando de tudo que me cerca, mas sempre resisto e acho que preciso de tudo aquilo. Uma vez fui na casa de uma amiga e no quarto dela não havia nada além da cama e do guarda roupa. Ela se justificou (embora eu não tenha perguntado nada) que, como já passou por muitas enchentes, hoje não consegue ter mais nada com medo de perder, de estragar.

Mesmo assim, entendendo isso, aquilo me pareceu vazio demais. Talvez essa seja uma das respostas que busco: evitar o vazio.

Outra, seria eu gostar de controlar tudo e, ter os objetos próximos, me garante segurança, estabilidade, ter à mão quando precisar.

Tudo é muito complexo, quando falamos de seres humanos...

O certo é que pretendo, cada vez mais, imitar esse jeito desprendido do Tadeu de ser.

Lembrando um ditado popular: “caixão não tem gaveta...”

quinta-feira, 12 de abril de 2012

EU E A PSICOGRAFIA



Como sempre afirmo, durante toda minha vida gostei de ler e escrever, na mesma proporção.
Quando fiz o curso de educação da mediunidade, numa das aulas iríamos estudar e fazer exercícios sobre a psicografia. Na semana que antecedeu a aula, fiquei ansiosa e, curiosa, resolvi fazer o exercício sozinha, em casa mesmo, só para ver no que dava.
Não sabia bem por onde começar, mas pelo que tinha lido ao longo dos anos, achava que poderia fazer isso, sim.
Sempre ouvi que não devemos fazer práticas mediúnicas em casa, principalmente sozinhos, por não ser o ambiente ideal, como o Centro Espírita. Mas, resolvi tentar assim mesmo.
No meu quarto, me coloquei diante de uma folha de papel em branco e caneta (nunca gostei de lápis) e, numa pose bem de Chico Xavier, com umas das mãos na testa, me concentrei. Não que eu achasse que teria que imitar o Chico para poder escrever, mas essa é uma posição confortável e que induz à concentração.
Em silêncio, como se estivesse esperando algo/alguém ou algo que iria escutar, atenta, mas ao mesmo tempo receptiva, deixei a mente em stand by, como se diz.
De repente (isso deve ter levado uns 10 ou 15 minutos, talvez até por causa da minha ansiedade), me veio, em pensamento, uma palavra “que”. Mas “que” o quê? Perguntei-me, intimamente. Mesmo assim, resolvi escrever. Na sequência veio outra “haja”. Haja?! O que significa isso? Não faz sentido! Mas escrevi, intuindo que deveria. Era um exercício, eu deveria estar disposta, aberta, para essas coisas, não?
“Luz” foi a próxima palavra. A essa altura eu já nem questionava mais, apenas obedecia. “No”“Saber”. Pronto! Achei que a frase terminara, embora para mim continuasse não fazendo sentido. Ficou assim: “Que haja luz no saber!”
Como eu pude achar que não havia sentido?! Depois, as palavras foram sendo ditadas (sempre como pensamentos e não como algo que estivesse ouvindo), formando frases e um texto, que depois de digitado, rendeu uma folha. Quem assinou foi “Cristine”. Soube depois que Cristine havia sido minha mãe numa de minhas encarnações. Talvez por isso a afinidade, a facilidade, em receber as frases. Notei que nas primeiras palavras, que eu resistia em escrever, a letra era minha, mas depois conforme fui me adaptando ao processo, a mão foi tomando impulso e escrevia quase sozinha, embora eu continuasse tendo noção do que estava escrevendo. Na minha mediunidade sempre acontece isso, eu estou consciente do que acontece, mas sinto impulsos. Com o impulso da mão, como dizia, a letra foi crescendo.
Ao terminar, senti o braço cansado pelo esforço, pois a escrita é sempre muito rápida. Provavelmente pela inexperiência no processo também.
Fiquei feliz com a mensagem, por que era lógica e fazia sentido para mim. Uma mensagem carinhosa, explicativa e que me surpreendeu e emocionou. Eu podia psicografar! Tinha acabado de descobrir isso e achei maravilhoso.
No dia seguinte, sabedora de que é importante fazermos antes orações, preparar o ambiente, e também que haja constância, ou seja, sempre nos mesmos dias e horários, para que a disciplina se instale e a espiritualidade se prepare, retomei a tarefa. Desta vez, assinou “Marinalva” (que foi uma irmã minha em outra encarnação. Parece que a família estava vindo em peso! Espero que a espiritualidade me perdoe os gracejos, mas acho inevitável.). Igualmente uma mensagem inspiradora e pessoal. Já não foi tão difícil desta vez.
No terceiro dia, achei que poderia haver mais de uma mensagem e, depois de escrever a primeira, continuei aguardando e outra veio.
Assim, todos os dias, no mesmo horário, eu me colocava a disposição da espiritualidade, de meus guias, para escrever. Não aconselho que ninguém faça o que eu fiz, pois não sabemos como é a proteção de cada pessoa e de cada lar. Corri um risco, mas valeu à pena.
Durante muitos anos psicografei diariamente e sempre no mesmo horário. Quando tive necessidade de me ausentar com mais constância naquele horário, mudei, então, para mais tarde.
Com o tempo, uma amiga, minha ex-professora, disse que não havia necessidade de ser diariamente, se eu não pudesse. Poderia escolher o (s) dia(s) para psicografar, desde que fosse disciplinada.

Me deram a tarefa de escrever um livro. Fiquei muito ansiosa e, no primeiro dia, foi mais difícil, mas depois relaxei e fluiu mais fácil. Desta vez a escrita foi diária. Achei fácil, porque era um ditado mesmo, apenas me vinham as frases e eu ia escrevendo, sem pensar. Às vezes, substituía palavras que achava que ficariam melhor no texto, mas fazia por minha conta.
Ao final, ficou um livro, um romance, muito interessante. Simples, sem nada de novo, mas interessante assim mesmo. Sou autocrítica e se não tivesse ficado bom, eu mesma diria. E resolvi mandar para uma editora, pois achei que esse era o objetivo do livro. Mandei o primeiro capítulo e eles gostaram, mas me atentaram para um detalhe: não havia diálogos, apenas narrações. Tentei, junto da espiritualidade reescrever o romance, inserindo os diálogos, mas depois do terceiro capítulo, desisti. Não gosto de reescrever nada. Hoje sei que a espiritualidade faz isso com frequência, mas eu não consigo me adaptar. Depois disso ainda iniciei mais dois livros, mas não passamos do terceiro capítulo. Disseram que em todos os três casos haviam sido exercícios, mesmo no primeiro livro que tinha sido escrito até o final.
Continuei psicografando por muitos anos, mas quando retomei meus estudos, chegava em casa sempre com a mente cheia, sem condições de me concentrar. Pedi aos meus guias para abandonar a tarefa temporariamente, já que não conseguia me concentrar e escrevia coisas sem sentido. Eu não tinha outro horário para a psicografia e por isso, acho, aceitaram. Mesmo porque sabiam que eu estava sendo sincera.
Durante a psicografia, muitas vezes 'visitei' um lugar, que acho ser uma colônia, o lugar de onde vim. É um lugar como a Terra, com paisagens iguais às daqui. Reencontrei antigos afetos, de outras vidas, também.
A psicografia era meu momento de comungar com meus amigos espirituais e muitas vezes os vi em meu quarto, mas sempre na forma de um pensamento, como quando a gente lembra de alguém, aquela coisa meio fugidia, mas ao mesmo tempo, 'concreta'.
De uns anos para cá abandonei a tarefa de vez. Não sei quando irei retomar. Imagino que irei, sim, retomar, mas ainda não sei quando. Quero me sentir preparada e disposta para isso, para esse compromisso.
E esta é foi minha experiência com este tipo de mediunidade. Continuarei narrando aqui outras experiências e espero, que além de ser uma curiosidade que divido com vocês, possa ajudar alguém em alguma coisa.


sexta-feira, 16 de março de 2012

SER MÉDIUM



Quando me descobri medium, como relatei no post “Como me tornei espírita”, foi meio surpreendente e ao mesmo tempo natural.
Sou possuidora de várias mediunidades e fui descobrindo-as sucessivamente. Dizem que muitos mediuns também são assim, possuidores de muitas destas ferramentas, as quais vão se adequando a que melhor conseguem utilizar e fazem dela o 'carro-chefe'.
A Psicofonia (ou incorporação, como chamamos) foi a mediunidade que mais tive resistência por medo de perder o controle, seja do meu corpo, seja da situação. No entanto, depois de entender que isso não aconteceria, pois sou medium consciente, comecei a gostar. Há 12 anos que convivo com essa mediunidade, desde que ela se manifestou, e tenho aprendido muito em todos os sentidos.
Cada espírito que chega me acrescenta algo. Há aqueles que contam suas dores, historias, medos, ira, arrependimento. Passo por todas essas emoções e sentimentos numa noite de trabalho. Emoções que nunca senti ou não conheço me fazem ficar a cada dia mais sensível. Lembro de uma vez em particular, que incorporei uma mulher encarnada (sim, isso é possível) que tinha perdido o marido. A dor que ela sentia nunca senti, mas era tão aguda que era impossível não ter empatia e dividir essa dor, mesmo que por alguns instantes. Fiquei impressionada com a intensidade do sentimento. Uma mãe que perdeu o filho de 12 anos atropelado (ela também estava encarnada) mexeu muito comigo, tamanha a depressão e dor. Uma outra que também estava em depressão (encarnada) me fez sentir como se eu estivesse dentro de um tornado, de um vendaval, algo bem forte. A cabeça girava loucamente, parecendo que ventos me cortavam a pele do rosto. Não conseguia concatenar os pensamentos e só sentia tristeza profunda e dor novamente. Sempre ela, permeando tudo.
Já vivi junto com eles a alegria de um reencontro, a saudade, o arrependimento, a culpa, a tristeza, a indecisão em aceitar ajuda, ira (esse último extremamente comum, o que nos faz pensar), sensualidade,confusão mental (desnorteamento), insegurança...enfim! Em pouco minutos, passo por uma gama de sentimentos e emoções que vão do 0 ao 100.
Naquele momento da incorporação eu sou aquela pessoa, com tudo que isso implique.
Vou ao passado com frequência e conheço boa parte da história mundial, in loco, se podemos dizer assim.
A habilidade e sensibilidade do doutrinador contribui para o esclarecimento daquele espírito, mas ele também recebe ajuda do grupo espiritual, das energias que emanam daquele ambiente, sejam as manipuladas pelos espíritos bons, sejam as dos encarnados, que as doam naturalmente. Recebe também a contribuição do medium, que permite que ele se expresse, seja ouvido, sinta as emoções e energia deste mesmo medium ( que devem estar equilibradas, pra poder ajudar).
A incorporação é uma das mediunidades que mais admiro, porque acredito que seja a mais efetiva para a solução da situação que o espírito se encontra.
Já senti através desses mesmos espíritos uma raiva, uma ira, absurda e eu mesma nunca havia sentido aquilo e nem quero sentir. Nesses momentos, quando o espírito está tão mergulhado no ódio, não conseguindo ouvir, praticamente cego, sufocado na emoção, geralmente ele é adormecido. Há situações que o 'sonífero' ministrado a ele é tão forte, que fico uns minutinhos sonolenta, sem forças. Talvez isso se deva também a energia que despendi com a incorporação dele, com a doação e troca de energias.
Há espíritos que ficam tão centrados numa vingança que não conseguem perceber mais nada, num ciclo vicioso de sentimentos, a mente focada na vítima. Muitos não percebem o passar do tempo (na verdade, a grande maioria), principalmente se houver ódio envolvido.
É interessante que nossa mente enquanto estamos incorporados se divide o tempo todo. Há pensamentos e sentimentos do espírito e pensamentos e sentimentos do medium. Tudo fica meio misturado, ou melhor, simultâneo. Dá pra saber o que é de um e o que é do outro, mas fico com medo de interferir sem querer. Acho que posso auxiliar, mas de uma forma dirigida. É tudo muito sutil e podemos nos desconcentrar com facilidade, seja através do toque do doutrinador no corpo do medium, seja um som mais alto (muitas vezes uma buzina de carro ou algo assim, passando na rua). Há que se esforçar também pra manter a concentração, inclusive dos próprios pensamentos, por que se a desincorporação for muito brusca, o medium muitas vezes fica com dor de cabeça, parecendo fora do corpo, meio enjoado, a visão meio borrada. Na verdade é porque ele ainda está meio desdobrado.
Dos três tipos de incorporação (consciente, semi-consciente e inconsciente) sem dúvida prefiro a primeira, que é a que tenho. Apesar de haver facilidade de interferências internas (desconcentração) ou externas, (o que citei acima), ainda acho melhor do que não saber o que aconteceu.
Há também o animismo, claro, que é o 'fantasma' de todo medium. Temos muito medo dele, por que significaria que estamos 'inventando' tudo aquilo, mesmo sem ter a consciência disso. Há quem minimize isso, mas prefiro ficar vigilante com relação ao assunto.
A incorporação de entidades (Umbanda) ou espíritos mais evoluídos é um capítulo a parte.
Com entidades como pretos velhos acho maravilhoso, porque eles tem uma sabedoria e uma calma, uma paciência, que me faz sentir muito pequena, muito criança, muito imperfeita. Mas ao mesmo tempo, aprendo com os conselhos e sentimentos que eles transmitem. Há uma bondade que independe das palavras, é apenas um sentir, um bem estar magnífico. Muitas vezes isso se traduz num calorzinho que se espalha do coração pro resto do corpo. E também percebo que isso acontece com mais frequência depois que incorporo um espírito com energias muito densas, muito ruins, muito pesadas. Parece-me que os pretos velhos vêm pra 'limpar' meu períspirito, chacras, algo assim.
Ciganos também são interessantes (ciganas, na verdade) por que tem uma energia muito alegre.
Índios raramente incorporo e normalmente não como entidade, mas como espírito 'comum'.
Os exus deixam uma energia pesada pra mim. Nosso trabalho é na linha kardecista, mas muitas vezes as entidades da umbanda nos visitam. Já li que quando há essa ajuda é porque é necessário.
Espíritos de luz, como dizemos, os espíritos mais evoluídos, mesmo que apenas um pouco mais, são muitíssimos sutis e mal tenho certeza se sou eu ou eles. Depois que relaxo mais, a incorporação fica mais afinada, mas na verdade acho que a sintonia melhora depois que páro de tentar interferir e apenas ouço o que minha boca fala. Há aqueles que mal tenho controle do que falo, nem mesmo penso antes. E há aqueles que tenho uma ideia do que querem dizer, mas uso minhas próprias palavras. Às vezes, na tentativa de achar algo que traduza o que sinto, uma palavra pra isso, me perco um pouco, talvez me desconcentre e, como é muito sutil essa ligação, acho que fica meio truncado, parecendo que estou inventando.
Já incorporei seres que diziam ser extra-terrestres. Algo muito discreto. Apesar de saber que existe vida além da Terra, nesse Universo tão grande, é muito discutível pra mim que naquele momento seja realmente alguém assim. Na verdade, sei que é, não sinto mistificação, mas me parece meio inverossímel. Como disse, tenho medo de espíritos mistificadores. Nesse caso não do animismo, por que não tenho nenhum interesse, nem curiosidade nesse tipo de comunicação. Já os vi e são iguais a nós mesmos, já ouvi sobre o nome do local de onde vem e já vieram algumas vezes, mas não com frequência, nem sei direito por que vieram. Normalmente é pra dar alguma comunicação esclarecedora, pedidos de paz, coisas assim. Nada fatalista, nada assustador, nada espetacular. Tenho motivos pra achar que tem a ver com Ashtar Sheran, mas só fui descobrir isso muito tempo depois e quase por acaso, por que vi uma foto na internet. Já tinha acordado uma vez com o nome Yshtar na cabeça, mas achava que tinha a ver com uma cidade árabe. Depois, tudo fez mais sentido.
Até ver esta foto na internet, nunca ouvi falar em Ashtar Sheran e mesmo assim sei pouquíssima coisa agora.
De qualquer modo não quero entrar nessa questão mais profundamente, nem ser indiscreta quanto a qualquer assunto espiritual. Um dos motivos de nunca ter feito algo nessa linha, como um blog, foi exatamente esse de temer ser indiscreta com a espiritualidade. Há coisas que melhor se dizem calando.
Mas quero deixar registrado aqui de que a psicofonia é, pra mim, gratificante e de extrema utilidade dentro de um trabalho espiritual. Mesmo que muitas vezes no dia do trabalho não estejamos bem, mesmo que na hora de uma incorporação de um espirito com vibração muito baixa nos sintamos com mal estar (como enjôo), ainda assim, sou grata por fazer a minha parte.
Num próximo post irei abordar as outras mediunidades que conheço, porque esse ficou um pouco mais longo do que eu imaginava.


P.S.: PESQUISEI AGORA NA INTERNET SOBRE ASHTAR SHERAN E ACHEI ALGO QUE ME INTERESSOU POR SER BASICAMENTE UM RESUMO DO QUE VI.
VI EM ALGUMAS SESSÕES ESSES SERES QUE TAMBÉM SÃO ASSIM DESCRITOS NO SITE QUE ACHEI:
Mas a verdade é que as referências ao nome Ashtar podem estar relacionadas as descrições feitas pelo auto-proclamado médium e dentista norte-americano, que vivia em Nova Iorque, chamado John Ballou Newbrough que teria psicografado ou “canalizado” a obra "Oahspe", no ano de 1882. Nesta obra John Ballou, que alegava que as “sagradas escrituras” foram reveladas a ele por “entidades angelicais”, faz referência a estes seres espirituais que viajariam em naves “etéreas” e que teriam a missão de proteger mundos menos desenvolvidos. O nome destes seres seriam "Ashar" e o plural seria "Ashars". As descrições destes seres os mostram como altos, corpo atlético e de morfologia humanóide, aparência nórdica, cabelos loiros ou alvos e olhos azuis. Possuem um olhar penetrante e desafiador, sendo que estariam interessados em pesquisar e compreender as formas de vida existentes no Universo e assim compreender a sua própria existência. Seriam na verdade como uma espécie de “antro-arqueo-psico-exo” cientistas.

quarta-feira, 14 de março de 2012

MEDIUNIDADE


Dizem que quem não é 'espírita de berço' , quando se torna é pela dor ou pelo amor.
A dor seria quando a pessoa se vê com problemas sérios, muitas vezes com relação a mediunidade ou obsessão, e busca ajuda num centro espírita, muitas vezes lá permanecendo e se tornando espírita.
O amor é quando a pessoa escolhe a doutrina.
Me encaixo neste último tipo.
Como expliquei no post “Como me tornei espírita”, só descobri a mediunidade de que sou portadora, após muitos anos sendo espírita. Naturalmente, considero meu encaminhamento ao espiritismo como uma espécie de preparação da espiritualidade para quando a mediunidade se manifestasse dali há uns anos. Poderia ter sido ao contrário e eu só buscar o espiritismo depois de ter aqueles sintomas que descrevi, mas também poderia lá não querer permanecer. Enfim!
O fato é que devo ter me preparado antes desta encarnação com muita responsabilidade e certeza do que queria. Gosto de ser medium, embora muitas vezes isso implique em escolhos. Mas também conheço pessoas que são mediuns e não querem ser, não usam sua mediunidade em prol do outro. Como nada se perde, talvez elas a usem inconscientemente.
Por tudo que já li, sei que a mediunidade longe de ser um privilégio dos 'eleitos', como muitos incautos pensam é, na verdade, uma ferramenta de trabalho.
O espírito que errou muito, solicita (ou lhe é oferecido, talvez imposto) a mediunidade como forma de resgate de suas faltas. Ela ajuda a pessoa a 'queimar', digamos assim, de maneira bem simplista, seu carma negativo, através da ajuda ao próximo. É um assunto que pode ser discutido de vários ângulos, de várias formas, mas me deterei aqui à responsabilidade do médium, depois que se comprometeu antes do reencarne.
É interessante que a pessoa concorda em ser medium ao renascer, lhe é oferecido um corpo já com os 'acessórios' de fábrica pra facilitar isso, mas quando chega a hora, muitos desistem, esquecidos de que devem grande soma, têm grandes débitos ainda. Ok. Numa próxima vida terão que recomeçar, mas com o agravante de terem desistido. Outros, mesmo desistindo, sentem muito sintomas, muitas vezes em forma de doença pelo excesso de energia que receberam e não usam. Ainda assim não querem usar a mediunidade.
Tudo o que estou falando aqui não é fruto de achismo, mas de leituras. Diversos autores, porém, contestam estas afirmações também.

Há aqueles que são mediuns, mas não são espíritas, uma vez que mediunidade não é exclusivismo do espiritismo. Há mediuns em todas as áreas e religiões. Dizem que aquela pessoa que pode ser considerada 'rata de sacristia', por exemplo, que está sempre em torno da igreja, que gosta de ajudar, é medium na maioria das vezes ( eu chamo estas pessoas, quando no meio espírita, de ' beato espírita'|). Dizem também que para se reconhecer um medium, umas das características é essa vontade de ajudar. Também são extremamente sensíveis, choram com facilidade. Muitos tem intuições fortes, que talvez não sigam. Todo bom medium duvida. Até mesmo por que essa é a máxima do espiritismo, que tenhamos discernimento, sem nos fanatizarmos.
Penso que devamos separar bem as coisas, ficar vigilantes, atentos e saber que há muito animismo, que podemos confundir as coisas. Mas também não devemos duvidar de tudo. Sempre o bom senso.
Um medium não deveria nunca envaidecer-se de sua mediunidade. Antes sim, ficar satisfeito, feliz, em poder cumprir bem sua missão. Muitos são os que fazem de seu mediunato uma missão, mais do que um dever ou um compromisso cármico. São pessoas que já evoluíram muito e vêm nos ajudar. Não devemos endeusá-los, mas antes respeitá-los e admirá-los pelo bom trabalho. E aprender com eles também. Chico Xavier sempre foi o exemplo máximo, um ótimo representante para o espiritismo, mas há aqueles que o veneram. Eu o vejo como um espírito em missão, mas ainda assim, um homem. Não um deus.
Quando entram para o espiritismo, principalmente para um grupo de estudos, raros são aqueles que não querem descobrir se tem algum ' dom' , se tem mediunidade ostensiva (porque mediunidade todos tem, em maior ou menor grau). E muitos se frustram justamente aí, por que acham que não fazem nada se não tem mediunidade ostensiva. Ou seja, não 'aparecem'. Eles admiram que tem esse tipo de mediunidade e querem ser admirados também, esquecidos que ser medium é muito mais do que isso. Acho que mediunidade é uma coisa de tamanha responsabilidade que só deveria ser dada aos espíritos mais capazes para isso, mais maduros. Mas, em geral, os que são assim, tem mediunidade como missão e não como provação. E é justamente através da mediunidade que o espírito tem a chance de evoluir. Nossa! Que assunto complexo!
Encerremos com uma frase muito propícia de Chico Xavier:
Nunca nos cansaremos de repetir que mediunidade é sintonia. Subamos aos cimos da virtude e do conhecimento e a mediunidade, na condição de serviço de sintonia com o Plano Divino, se elevará conosco”. (Chico Xavier)

terça-feira, 13 de março de 2012

COMO ME TORNEI ESPÍRITA



Sempre convivi com fenômenos mediúnicos em casa, mas me pareceriam normais.
Minha mãe incorporava ' involuntariamente', uma empregada também dava 'ataques', que era como chamávamos na época a incorporação por obsessor. Mas estranhamente estes acontecimentos, de tão corriqueiros, pareciam perfeitamente normais e integrados a nossa rotina. Nada sabíamos de espiritismo ou 'mesa branca' como meus pais chamavam, 'espiritismo de mesa'. Minha formação era católica, como a de meus pais e assim deveria ser por todo o sempre. Amém.
Quando tinha 9 anos, ia a igreja semanalmente e gostava muito, principalmente da hora dos cântigos. Por esta época 'descobri' a vocação para ser freira. Achava bonito o que imaginava ser uma dedicação total ao próximo. Gostava da ideia de viver enclausurada, em oração por todos, numa beatitude altruísta. Também gostava de ver as pessoas na igreja, num domingo cedinho, pensando que aquelas pessoas tinham outra opção, que era a de dormir até mais tarde no único dia de descanso na semana, mas levantavam-se cedo pra apenas ir orar. Não é bonito isso?
No entanto, na adolescência, por volta dos 13 anos, comecei a questionar a igreja. Ninguém sabia responder minhas perguntas. Não acreditava na ideia de céu e inferno que era propagada. Achava impossível só ter essas duas (na verdade, três, por que ainda tinha o purgatório) opções no pós vida. E se a pessoa se arrependesse? Sairia do inferno ou ficaria lá pra sempre? E o céu não seria uma coisa chata, só ficar tocando harpa, em beatitude eterna? Na verdade, esse questionamento vinha desde os 7 anos, quando comecei a me dar conta das coisas. Mas já por essa época isso não me convencia.
Também não entendia o ritual na igreja, do senta-levanta-senta-ajoelha-levanta-senta-levanta...Nem por que líamos aquele jornalzinho no 'piloto automático', só repetindo frases sem sentido (pelo menos pra mim).
De questionamento em questionamento resolvi romper com a igreja católica. Não sem antes discutir muito com minha mãe, que não aceitava minha opção. Ora, se era uma opção, eu poderia escolher, não?
Por fim, virei uma 'desgarrada', digamos assim. Não tinha religião, mas ela me fazia falta.
Não queria ter uma religião apenas por ter, mas ela deveria fazer sentido pra mim. Gosto de raciocinar sobre as coisas e não fazer algo por que todos fazem, sem refletir sobre isso.

Quando estava com mais ou menos 17 anos, no meu trabalho precisei substituir uma colega. Como fosse um setor muito parado (recepção), procurei algo pra ler nas gavetas da mesa dela e me deparei com um livro chamado Senzala. Anos depois me dei conta da ironia deste título. O livro não tinha sinopse e eu não tinha a mínima ideia sobre o que se tratava. Mas gostei mal comecei a ler. Era um romance. Quando narra a morte do personagem principal e sua vida no mundo espiritual, me surpreendi, mas me pareceu estranhamente familiar também. Ao terminar o livro, fiquei pensativa e quando minha amiga retornou pedi outros emprestados. Outra amiga, simultaneamente, me convidou a ir a um centro espírita. Passei a ler livros da área e a ir ao centro espírita todas as semanas. Gostava das palestras, do passe, da harmonia que sentia ali. Durante uns 3 anos não consegui me declarar espírita. Achava que precisava ter certeza disso primeiro, me sentir segura dentro da nova fé. Depois, orgulhosamente me declarava espírita. Amava minha religião.
Até próximo aos 30 anos foi assim. Mas aí minha mediunidade aflorou e precisei decidir muitas coisas.
Sempre me disseram que eu era médium, em muitos lugares, mas eu não sabia direito o que precisava fazer.
Na hora certa, porém, tu se encaixou.
Fiquei por alguns dias sentindo mal estar, dores estranhas, dores de estômago, inquietação, tonturas...Não sabia o que era. Uma amiga falou pra outra e essa outra fez uma oração enquanto psicografava de manhã bem cedinho. Se desdobrou e foi até minha casa em espírito Me deu um passe e eu, sem saber de nada, pois dormia e nada vi, acordei mais tarde já sem dor alguma. Somente mais tarde soube o que tinha acontecido. A minha amiga nunca tinha ido a minha casa, mas descreveu objetos do meu quarto, bem como sua disposição.

Fiquei surpresa com aquela revelação e muito grata também. Minha amiga sugeriu que eu fizesse um curso de educação da mediunidade com essa outra amiga. Durante duas semanas frequentei o centro espirita, assistindo palestras e aguardando por uma vaga na sala dela, já que uma outra pessoa entraria pra turma (que estava em curso há 1 ano e meio).
Por fim, fui recebida na sala e a tal pessoa que entrou junto comigo logo saiu. Não tive dificuldades em acompanhar por que lia muito, há muito tempo. Conhecia muito da teoria.
No primeiro dia, após os estudos, fizemos um relaxamento. Sempre tive dificuldades com esta parte, sou muito 'ligada' e relaxar é um problema, mas valia o esforço.
Na luzinha azul do ambiente, a voz macia de minha amiga-professora, quando percebi, 'vi' ao meu lado uma moça, mas não conseguia ver seu rosto. Sabia que era um espírito. Ela usava um casaquinho de cachemir rosa, tinha cabelo na altura dos ombros, era jovem, me parecia. Não sei precisar, mas talvez uns 30 anos. Embora não tenha visto seu rosto, sentia ser assim.
Ela estava no meu lado esquerdo, bem na frente. Surpresa, vi minha avó paterna do lado oposto, usando um vestido branco, com risquinhos diagonais em preto. Usava o cabelo com um grampinho prendendo-o ao lado e me olhava com preocupação, com um certo cuidado. Minha avó faleceu quando eu tinha 7 anos mais ou menos.
Sentia que ela me ajudava a me desprender do corpo. Parecia que segurava meu braço direito, pra me ajudar a levantar, espiritualmente falando.
Quando tudo acabou, as luzes se acenderam e fiquei surpresa mais uma vez por estar levemente enjoada e vendo tudo desfocado. Como usasse óculos pra longe (sou míope), e estivesse sem, pensei que fosse por isso. Mas mais surpresa ainda fiquei ao colocá-los e a sensação continuar. Além disso, eu via as pessoas que estavam ao meu lado como se fossem um borrão. Uma pessoa mais experiente do grupo disse que era só a mediunidade desabrochando e eu iria ficar bem. Mas não fiquei. Tive aquele enjôo até chegar em casa e também dor de cabeça, apesar de a visão turva ter passado. Hoje entendo que isso era fruto do desdobramento.


Na semana seguinte, senti muita inquietação pra permanecer na sala de aula, não conseguia ficar lá. Depois, tive uma vontade de chorar incontrolável e me encolhi na cadeira, sentindo muito frio. Uma pessoa ao meu lado me emprestou sua jaqueta e coloquei-a ao contrário, à guisa de cobertor improvisado. Aos poucos, ainda sentindo muito frio (era só eu), me encolhi por baixo da jaqueta e chorei. Chorava o tempo inteiro, sem que ninguém me perguntasse nada sobre isso. Acharam que eu tinha algum problema emocional, mas não perguntaram. No fim dos trabalhos, aquela medium mais experiente me disse que eu deveria sentar numa cadeira no centro da sala e fiz isso e logo senti que eu era outra pessoa, mas não queria aceitar isso. Sabia que estava incorporando, mas não queria ter esse tipo de mediunidade, tinha medo de perder o controle da situação.
Embora resistente, fui cedendo aos poucos, mas não de todo. Ficou uma coisa meio truncada.
Eu 'via' um menino, usava uma camiseta de listras azuis e brancas, parecendo maior do que ele. Deveria ter uns 8 anos e procurava sua mãe. Estava zangado e me disseram que era um morador de rua. Ele foi encaminhado e me senti infinitamente melhor. Dali pra frente todas as semanas acontecia alguma coisa nesse sentido.
Hoje controlo minha mediunidade com muito mais facilidade, já sou 'educada, digamos assim.
Já passei por muito grupos e no atual me sinto perfeitamente entrosada e a vontade com meus companheiros, muito satisfeita mesmo.
Achei o meu caminho!

sexta-feira, 9 de março de 2012


Li em algum lugar que “quando se tem fé nenhuma prova é necessária. Quando se duvida, nem todas as provas são suficientes”.
Fiquei muito tempo meditando sobre isso, por que concordo. Quantas vezes demonstro fé e as pessoas ao meu redor sorriem descrentes.
Não sou uma pessoa de fé intensa, duvido muito também, mas procuro confiar sempre.
A fé é crer em algo que não nos parece possível de acontecer, é 'ver além'. Ela não é uma coisa palpável, concreta, se baseia mais no sentido religioso.
Houve momentos em minha vida que surpreendi as pessoas por demonstrar uma fé, uma certeza absoluta, em certos acontecimentos. E houve momentos que até eu mesma duvidei do que sentia, se não era apenas um desejo de que algo acontecesse, me confundindo com o que eu sabia que aconteceria.
A fé é assim mesmo, muitas vezes vacilante, mas quem a sente só tem a ganhar.


Há pessoas profundamente religiosas, mas que não tem fé. Outras, mesmo sem religião, acreditam em algo com todas as suas forças.
Embora ache que a fé tenha conotação religiosa, na verdade ela independe disso. Acredito que a religião nos ajude a ter fé, mas não necessariamente. Muitas vezes queremos que algo aconteça (ou não aconteça), mas no fundo sentimos que nosso desejo não será atendido. É essa certeza do que vai ou não acontecer que chamo de fé.
A fé pode ser em Deus ou em algum representante dele, como os santos, Buda, Maomé, etc. E a fé também pode ser simplesmente essa certeza, essa confiança, mas sem vínculo religioso.
É difícil ensinar a ter fé. Isso brota da própria pessoa. Podemos, no entanto, desenvolver a fé, com base no otimismo. A fé necessita ser otimista. E ser otimista não significa que sempre aconteça aquilo que aparentemente é bom, mas acreditar que aquilo que se não nos parece bom de início, na verdade, é o remédio educativo e somente no futuro é que iremos descobrir isso. A fé é a confiança depositada de que se aquilo aconteceu assim, é porque deveria ter acontecido desta forma.
Quem não tem fé pensa que tudo passa por ele, de que pode controlar os acontecimentos, de que tem esse poder.

A fé nos dá serenidade pra aceitar o que não podemos mudar e coragem pra mudar o que podemos. Esta oração, a da serenidade, traduz perfeitamente a fé.
A fé, então, não está necessariamente ligada a nenhuma religião, mas ao sentido espiritual da vida. Quem é materialista acredita apenas nos fatos, nas evidências, naquilo que se pode provar. E a fé transcende tudo isso. É possível medir, no entanto, a elevação mental, o 'nirvana' que alguns sentem, quando profundamente concentrados em sua fé. A oração nos eleva e quando fazemos uso dela já foi comprovado cientificamente de que há uma alteração no cérebro, há liberação de hormônios, substâncias, que produzem relaxamento, enlevamento, alteração na consciência.
Ter fé nos acalma, produz tranquilidade, esperança.
Por isso tudo é que devemos ter fé sempre, por que o mínimo que pode acontecer é ficarmos em paz...