sexta-feira, 16 de março de 2012

SER MÉDIUM



Quando me descobri medium, como relatei no post “Como me tornei espírita”, foi meio surpreendente e ao mesmo tempo natural.
Sou possuidora de várias mediunidades e fui descobrindo-as sucessivamente. Dizem que muitos mediuns também são assim, possuidores de muitas destas ferramentas, as quais vão se adequando a que melhor conseguem utilizar e fazem dela o 'carro-chefe'.
A Psicofonia (ou incorporação, como chamamos) foi a mediunidade que mais tive resistência por medo de perder o controle, seja do meu corpo, seja da situação. No entanto, depois de entender que isso não aconteceria, pois sou medium consciente, comecei a gostar. Há 12 anos que convivo com essa mediunidade, desde que ela se manifestou, e tenho aprendido muito em todos os sentidos.
Cada espírito que chega me acrescenta algo. Há aqueles que contam suas dores, historias, medos, ira, arrependimento. Passo por todas essas emoções e sentimentos numa noite de trabalho. Emoções que nunca senti ou não conheço me fazem ficar a cada dia mais sensível. Lembro de uma vez em particular, que incorporei uma mulher encarnada (sim, isso é possível) que tinha perdido o marido. A dor que ela sentia nunca senti, mas era tão aguda que era impossível não ter empatia e dividir essa dor, mesmo que por alguns instantes. Fiquei impressionada com a intensidade do sentimento. Uma mãe que perdeu o filho de 12 anos atropelado (ela também estava encarnada) mexeu muito comigo, tamanha a depressão e dor. Uma outra que também estava em depressão (encarnada) me fez sentir como se eu estivesse dentro de um tornado, de um vendaval, algo bem forte. A cabeça girava loucamente, parecendo que ventos me cortavam a pele do rosto. Não conseguia concatenar os pensamentos e só sentia tristeza profunda e dor novamente. Sempre ela, permeando tudo.
Já vivi junto com eles a alegria de um reencontro, a saudade, o arrependimento, a culpa, a tristeza, a indecisão em aceitar ajuda, ira (esse último extremamente comum, o que nos faz pensar), sensualidade,confusão mental (desnorteamento), insegurança...enfim! Em pouco minutos, passo por uma gama de sentimentos e emoções que vão do 0 ao 100.
Naquele momento da incorporação eu sou aquela pessoa, com tudo que isso implique.
Vou ao passado com frequência e conheço boa parte da história mundial, in loco, se podemos dizer assim.
A habilidade e sensibilidade do doutrinador contribui para o esclarecimento daquele espírito, mas ele também recebe ajuda do grupo espiritual, das energias que emanam daquele ambiente, sejam as manipuladas pelos espíritos bons, sejam as dos encarnados, que as doam naturalmente. Recebe também a contribuição do medium, que permite que ele se expresse, seja ouvido, sinta as emoções e energia deste mesmo medium ( que devem estar equilibradas, pra poder ajudar).
A incorporação é uma das mediunidades que mais admiro, porque acredito que seja a mais efetiva para a solução da situação que o espírito se encontra.
Já senti através desses mesmos espíritos uma raiva, uma ira, absurda e eu mesma nunca havia sentido aquilo e nem quero sentir. Nesses momentos, quando o espírito está tão mergulhado no ódio, não conseguindo ouvir, praticamente cego, sufocado na emoção, geralmente ele é adormecido. Há situações que o 'sonífero' ministrado a ele é tão forte, que fico uns minutinhos sonolenta, sem forças. Talvez isso se deva também a energia que despendi com a incorporação dele, com a doação e troca de energias.
Há espíritos que ficam tão centrados numa vingança que não conseguem perceber mais nada, num ciclo vicioso de sentimentos, a mente focada na vítima. Muitos não percebem o passar do tempo (na verdade, a grande maioria), principalmente se houver ódio envolvido.
É interessante que nossa mente enquanto estamos incorporados se divide o tempo todo. Há pensamentos e sentimentos do espírito e pensamentos e sentimentos do medium. Tudo fica meio misturado, ou melhor, simultâneo. Dá pra saber o que é de um e o que é do outro, mas fico com medo de interferir sem querer. Acho que posso auxiliar, mas de uma forma dirigida. É tudo muito sutil e podemos nos desconcentrar com facilidade, seja através do toque do doutrinador no corpo do medium, seja um som mais alto (muitas vezes uma buzina de carro ou algo assim, passando na rua). Há que se esforçar também pra manter a concentração, inclusive dos próprios pensamentos, por que se a desincorporação for muito brusca, o medium muitas vezes fica com dor de cabeça, parecendo fora do corpo, meio enjoado, a visão meio borrada. Na verdade é porque ele ainda está meio desdobrado.
Dos três tipos de incorporação (consciente, semi-consciente e inconsciente) sem dúvida prefiro a primeira, que é a que tenho. Apesar de haver facilidade de interferências internas (desconcentração) ou externas, (o que citei acima), ainda acho melhor do que não saber o que aconteceu.
Há também o animismo, claro, que é o 'fantasma' de todo medium. Temos muito medo dele, por que significaria que estamos 'inventando' tudo aquilo, mesmo sem ter a consciência disso. Há quem minimize isso, mas prefiro ficar vigilante com relação ao assunto.
A incorporação de entidades (Umbanda) ou espíritos mais evoluídos é um capítulo a parte.
Com entidades como pretos velhos acho maravilhoso, porque eles tem uma sabedoria e uma calma, uma paciência, que me faz sentir muito pequena, muito criança, muito imperfeita. Mas ao mesmo tempo, aprendo com os conselhos e sentimentos que eles transmitem. Há uma bondade que independe das palavras, é apenas um sentir, um bem estar magnífico. Muitas vezes isso se traduz num calorzinho que se espalha do coração pro resto do corpo. E também percebo que isso acontece com mais frequência depois que incorporo um espírito com energias muito densas, muito ruins, muito pesadas. Parece-me que os pretos velhos vêm pra 'limpar' meu períspirito, chacras, algo assim.
Ciganos também são interessantes (ciganas, na verdade) por que tem uma energia muito alegre.
Índios raramente incorporo e normalmente não como entidade, mas como espírito 'comum'.
Os exus deixam uma energia pesada pra mim. Nosso trabalho é na linha kardecista, mas muitas vezes as entidades da umbanda nos visitam. Já li que quando há essa ajuda é porque é necessário.
Espíritos de luz, como dizemos, os espíritos mais evoluídos, mesmo que apenas um pouco mais, são muitíssimos sutis e mal tenho certeza se sou eu ou eles. Depois que relaxo mais, a incorporação fica mais afinada, mas na verdade acho que a sintonia melhora depois que páro de tentar interferir e apenas ouço o que minha boca fala. Há aqueles que mal tenho controle do que falo, nem mesmo penso antes. E há aqueles que tenho uma ideia do que querem dizer, mas uso minhas próprias palavras. Às vezes, na tentativa de achar algo que traduza o que sinto, uma palavra pra isso, me perco um pouco, talvez me desconcentre e, como é muito sutil essa ligação, acho que fica meio truncado, parecendo que estou inventando.
Já incorporei seres que diziam ser extra-terrestres. Algo muito discreto. Apesar de saber que existe vida além da Terra, nesse Universo tão grande, é muito discutível pra mim que naquele momento seja realmente alguém assim. Na verdade, sei que é, não sinto mistificação, mas me parece meio inverossímel. Como disse, tenho medo de espíritos mistificadores. Nesse caso não do animismo, por que não tenho nenhum interesse, nem curiosidade nesse tipo de comunicação. Já os vi e são iguais a nós mesmos, já ouvi sobre o nome do local de onde vem e já vieram algumas vezes, mas não com frequência, nem sei direito por que vieram. Normalmente é pra dar alguma comunicação esclarecedora, pedidos de paz, coisas assim. Nada fatalista, nada assustador, nada espetacular. Tenho motivos pra achar que tem a ver com Ashtar Sheran, mas só fui descobrir isso muito tempo depois e quase por acaso, por que vi uma foto na internet. Já tinha acordado uma vez com o nome Yshtar na cabeça, mas achava que tinha a ver com uma cidade árabe. Depois, tudo fez mais sentido.
Até ver esta foto na internet, nunca ouvi falar em Ashtar Sheran e mesmo assim sei pouquíssima coisa agora.
De qualquer modo não quero entrar nessa questão mais profundamente, nem ser indiscreta quanto a qualquer assunto espiritual. Um dos motivos de nunca ter feito algo nessa linha, como um blog, foi exatamente esse de temer ser indiscreta com a espiritualidade. Há coisas que melhor se dizem calando.
Mas quero deixar registrado aqui de que a psicofonia é, pra mim, gratificante e de extrema utilidade dentro de um trabalho espiritual. Mesmo que muitas vezes no dia do trabalho não estejamos bem, mesmo que na hora de uma incorporação de um espirito com vibração muito baixa nos sintamos com mal estar (como enjôo), ainda assim, sou grata por fazer a minha parte.
Num próximo post irei abordar as outras mediunidades que conheço, porque esse ficou um pouco mais longo do que eu imaginava.


P.S.: PESQUISEI AGORA NA INTERNET SOBRE ASHTAR SHERAN E ACHEI ALGO QUE ME INTERESSOU POR SER BASICAMENTE UM RESUMO DO QUE VI.
VI EM ALGUMAS SESSÕES ESSES SERES QUE TAMBÉM SÃO ASSIM DESCRITOS NO SITE QUE ACHEI:
Mas a verdade é que as referências ao nome Ashtar podem estar relacionadas as descrições feitas pelo auto-proclamado médium e dentista norte-americano, que vivia em Nova Iorque, chamado John Ballou Newbrough que teria psicografado ou “canalizado” a obra "Oahspe", no ano de 1882. Nesta obra John Ballou, que alegava que as “sagradas escrituras” foram reveladas a ele por “entidades angelicais”, faz referência a estes seres espirituais que viajariam em naves “etéreas” e que teriam a missão de proteger mundos menos desenvolvidos. O nome destes seres seriam "Ashar" e o plural seria "Ashars". As descrições destes seres os mostram como altos, corpo atlético e de morfologia humanóide, aparência nórdica, cabelos loiros ou alvos e olhos azuis. Possuem um olhar penetrante e desafiador, sendo que estariam interessados em pesquisar e compreender as formas de vida existentes no Universo e assim compreender a sua própria existência. Seriam na verdade como uma espécie de “antro-arqueo-psico-exo” cientistas.

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