quinta-feira, 12 de abril de 2012

EU E A PSICOGRAFIA



Como sempre afirmo, durante toda minha vida gostei de ler e escrever, na mesma proporção.
Quando fiz o curso de educação da mediunidade, numa das aulas iríamos estudar e fazer exercícios sobre a psicografia. Na semana que antecedeu a aula, fiquei ansiosa e, curiosa, resolvi fazer o exercício sozinha, em casa mesmo, só para ver no que dava.
Não sabia bem por onde começar, mas pelo que tinha lido ao longo dos anos, achava que poderia fazer isso, sim.
Sempre ouvi que não devemos fazer práticas mediúnicas em casa, principalmente sozinhos, por não ser o ambiente ideal, como o Centro Espírita. Mas, resolvi tentar assim mesmo.
No meu quarto, me coloquei diante de uma folha de papel em branco e caneta (nunca gostei de lápis) e, numa pose bem de Chico Xavier, com umas das mãos na testa, me concentrei. Não que eu achasse que teria que imitar o Chico para poder escrever, mas essa é uma posição confortável e que induz à concentração.
Em silêncio, como se estivesse esperando algo/alguém ou algo que iria escutar, atenta, mas ao mesmo tempo receptiva, deixei a mente em stand by, como se diz.
De repente (isso deve ter levado uns 10 ou 15 minutos, talvez até por causa da minha ansiedade), me veio, em pensamento, uma palavra “que”. Mas “que” o quê? Perguntei-me, intimamente. Mesmo assim, resolvi escrever. Na sequência veio outra “haja”. Haja?! O que significa isso? Não faz sentido! Mas escrevi, intuindo que deveria. Era um exercício, eu deveria estar disposta, aberta, para essas coisas, não?
“Luz” foi a próxima palavra. A essa altura eu já nem questionava mais, apenas obedecia. “No”“Saber”. Pronto! Achei que a frase terminara, embora para mim continuasse não fazendo sentido. Ficou assim: “Que haja luz no saber!”
Como eu pude achar que não havia sentido?! Depois, as palavras foram sendo ditadas (sempre como pensamentos e não como algo que estivesse ouvindo), formando frases e um texto, que depois de digitado, rendeu uma folha. Quem assinou foi “Cristine”. Soube depois que Cristine havia sido minha mãe numa de minhas encarnações. Talvez por isso a afinidade, a facilidade, em receber as frases. Notei que nas primeiras palavras, que eu resistia em escrever, a letra era minha, mas depois conforme fui me adaptando ao processo, a mão foi tomando impulso e escrevia quase sozinha, embora eu continuasse tendo noção do que estava escrevendo. Na minha mediunidade sempre acontece isso, eu estou consciente do que acontece, mas sinto impulsos. Com o impulso da mão, como dizia, a letra foi crescendo.
Ao terminar, senti o braço cansado pelo esforço, pois a escrita é sempre muito rápida. Provavelmente pela inexperiência no processo também.
Fiquei feliz com a mensagem, por que era lógica e fazia sentido para mim. Uma mensagem carinhosa, explicativa e que me surpreendeu e emocionou. Eu podia psicografar! Tinha acabado de descobrir isso e achei maravilhoso.
No dia seguinte, sabedora de que é importante fazermos antes orações, preparar o ambiente, e também que haja constância, ou seja, sempre nos mesmos dias e horários, para que a disciplina se instale e a espiritualidade se prepare, retomei a tarefa. Desta vez, assinou “Marinalva” (que foi uma irmã minha em outra encarnação. Parece que a família estava vindo em peso! Espero que a espiritualidade me perdoe os gracejos, mas acho inevitável.). Igualmente uma mensagem inspiradora e pessoal. Já não foi tão difícil desta vez.
No terceiro dia, achei que poderia haver mais de uma mensagem e, depois de escrever a primeira, continuei aguardando e outra veio.
Assim, todos os dias, no mesmo horário, eu me colocava a disposição da espiritualidade, de meus guias, para escrever. Não aconselho que ninguém faça o que eu fiz, pois não sabemos como é a proteção de cada pessoa e de cada lar. Corri um risco, mas valeu à pena.
Durante muitos anos psicografei diariamente e sempre no mesmo horário. Quando tive necessidade de me ausentar com mais constância naquele horário, mudei, então, para mais tarde.
Com o tempo, uma amiga, minha ex-professora, disse que não havia necessidade de ser diariamente, se eu não pudesse. Poderia escolher o (s) dia(s) para psicografar, desde que fosse disciplinada.

Me deram a tarefa de escrever um livro. Fiquei muito ansiosa e, no primeiro dia, foi mais difícil, mas depois relaxei e fluiu mais fácil. Desta vez a escrita foi diária. Achei fácil, porque era um ditado mesmo, apenas me vinham as frases e eu ia escrevendo, sem pensar. Às vezes, substituía palavras que achava que ficariam melhor no texto, mas fazia por minha conta.
Ao final, ficou um livro, um romance, muito interessante. Simples, sem nada de novo, mas interessante assim mesmo. Sou autocrítica e se não tivesse ficado bom, eu mesma diria. E resolvi mandar para uma editora, pois achei que esse era o objetivo do livro. Mandei o primeiro capítulo e eles gostaram, mas me atentaram para um detalhe: não havia diálogos, apenas narrações. Tentei, junto da espiritualidade reescrever o romance, inserindo os diálogos, mas depois do terceiro capítulo, desisti. Não gosto de reescrever nada. Hoje sei que a espiritualidade faz isso com frequência, mas eu não consigo me adaptar. Depois disso ainda iniciei mais dois livros, mas não passamos do terceiro capítulo. Disseram que em todos os três casos haviam sido exercícios, mesmo no primeiro livro que tinha sido escrito até o final.
Continuei psicografando por muitos anos, mas quando retomei meus estudos, chegava em casa sempre com a mente cheia, sem condições de me concentrar. Pedi aos meus guias para abandonar a tarefa temporariamente, já que não conseguia me concentrar e escrevia coisas sem sentido. Eu não tinha outro horário para a psicografia e por isso, acho, aceitaram. Mesmo porque sabiam que eu estava sendo sincera.
Durante a psicografia, muitas vezes 'visitei' um lugar, que acho ser uma colônia, o lugar de onde vim. É um lugar como a Terra, com paisagens iguais às daqui. Reencontrei antigos afetos, de outras vidas, também.
A psicografia era meu momento de comungar com meus amigos espirituais e muitas vezes os vi em meu quarto, mas sempre na forma de um pensamento, como quando a gente lembra de alguém, aquela coisa meio fugidia, mas ao mesmo tempo, 'concreta'.
De uns anos para cá abandonei a tarefa de vez. Não sei quando irei retomar. Imagino que irei, sim, retomar, mas ainda não sei quando. Quero me sentir preparada e disposta para isso, para esse compromisso.
E esta é foi minha experiência com este tipo de mediunidade. Continuarei narrando aqui outras experiências e espero, que além de ser uma curiosidade que divido com vocês, possa ajudar alguém em alguma coisa.